terça-feira, 19 de dezembro de 2017

O "deus" esquizofrênico do cantor Kléber Lucas


Não é de hoje que ideologias relativistas vem obtendo grande influência nos círculos cristãos. Dessa vez, o cantor Kléber Lucas em seu discurso na TV globo no programa "Encontro com Fátima Bernardes" deu todos os indícios dessa nefasta influência relativista. Depois de ter financiado a reconstrução de um terreiro destruído por prováveis fanáticos religiosos, o cantor participou de uma discussão no tal programa onde o foco era o debate sobre o combate ao ódio e preconceito entre religiões. No programa, o famoso cantor sustentou que " as religiões abrem um canal com Deus para que a energia floresça". O cantor parecia concordar também com as afirmações da própria apresentadora Fátima Bernardes, que em ocasiões específicas, afirmou que " todas as religiões são parecidas", e que "todas as religiões foram criadas por Deus". Como já dito, esses fatos não são novidades no meio cristão, portanto, Kléber Lucas não é o percursor do relativismo em círculos cristãos. Porém, algumas análises podem ser feitas sobre o tal ocorrido visto ser possível notar a confusão mental dos relativistas cristãos e religiosos em remediar a intolerância oferecendo o relativismo como a solução. Meu objetivo é mostrar que o relativismo religioso nunca é solução para coisa alguma. E afirmo isto levando em conta o fato desta concepção ser irracional. E que, sendo irracional, deve ser rejeitada por qualquer indivíduo que se diz racional. 

Em primeiro lugar, o que o famoso cantor, bem como todos os relativistas religiosos cristãos tem a nos dizer sobre a passagem bíblica onde o próprio Cristo se coloca como a verdade exclusiva?(Jo 14:6) Como o famoso cantor e os demais relativistas religiosos cristãos nos responderiam sobre a passagem bíblica onde  Deus se coloca como o único salvador e que "fora Dele não há salvação"?(Is 43:11) Os relativistas cristãos tem duas opções: aceitar os textos bíblicos que falam que a salvação ou a verdade são ensinos exclusivos do cristianismo e que, portanto, o cristianismo é a única religião verdadeira, ou rejeitar tais textos relativizando-os. Os relativistas cristãos relativizam tais textos, do contrário, não seriam relativistas. Para muitos deles, a bíblia é um livro imperfeito, contém erros e que muito do que encontramos na Escritura não é totalmente confiável. Mas a grande questão é que são esses mesmos relativistas cristãos que costumeiramente argumentam que Cristo pregou o "amor e o respeito ao próximo". Ora, se a bíblia está adulterada, como eles sabem que Cristo os orientou a amar o próximo? Como eles podem afirmar isso? E mais, como eles podem ser cristãos? No máximo eles deveriam ser céticos, não cristãos. 

Em segundo lugar, no que diz respeito à questão da intolerância, de fato existem falsos cristãos que, em nome de um suposto zelo pela verdade de Deus, chegam até mesmo a destruir símbolos de outras religiões. A bíblia em lugar algum autoriza isto! Esses comportamentos são acertadamente combatidos pelo Kléber Lucas e devem ser  combatidos por qualquer cristão. A bíblia não ensina que o evangelho deve ser anunciado através da força, por imposição física ou destruindo, de forma impositiva, culturas diferentes. Paulo e os demais apóstolos não chegavam nas cidades destruindo símbolos religiosos. A mudança de uma cultura pagã para uma cultura cristã defendida pelo evangelho deve ser efetuada através da recepção voluntária do evangelho, e não por imposição física(At 17:30). Se o evangelho é o poder de Deus, ele não precisa das muletas da imposição física humana. É bem verdade que Deus é o único agente que pode impor algo de maneira justificada. Mas não estamos falando da justificada e racional imposição divina aqui. Estamos falando de uma irracional imposição física humana em relação à pregação do evangelho, e esta imposição não é bíblica.  Deus, por exemplo, impôs que a condenação será uma realidade para os negadores do evangelho. Mas note bem, essa imposição é divina; não é uma mera imposição física humana. Somente Deus tem autoridade de impor sem ser refutado. Alguém pode dizer que o Deus bíblico é intolerante. Mas, e daí? Ele mesmo diz que é intolerante em relação à muitas coisas. O Deus bíblico claramente se revela como um Deus que não tolera a injustiça e o pecado(Is 1:13). Se Deus está errado nisso, que o relativista cristão me aponte o padrão pelo qual Ele julga as ações de Deus. É bem verdade que Deus também impõe determinados princípios(leis, códigos etc) usando instrumentos humanos. Mas novamente, estamos falando exclusivamente da pregação do evangelho, e em lugar algum nos é ensinado que o ato de acreditar em Cristo deve ocorrer mediante imposição física. 

Sendo assim, não é intolerância acreditar no Cristianismo como verdade única. Defender o cristianismo como única religião verdadeira, não implica que eu deva destruir símbolos religiosos de ninguém. É totalmente possível e racional ser um cristão não-relativista e tolerar pessoas não-cristãs. Kléber Lucas parece não ter entendido isto, pois busca combater a intolerância usando um falso remédio, isto é, o relativismo.

Em terceiro lugar, a ideia defendida por Kléber Lucas bem como todos os relativistas cristãos de que " todas as religiões são verdadeiras, ou que todas nos levam a Deus" é uma ideia estúpida e irracional. Qualquer estudante sabe que a lógica  contraria a ideia de que todas as religiões são verdadeiras. Uma das leis da lógica, a lei da não-contradição, diz que " duas afirmações contraditórias não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo e no mesmo sentido". Sendo assim, como alguém pode sustentar, à luz da racionalidade, que o cristianismo e o islamismo são duas religiões verdadeiras ao mesmo tempo? Ora, enquanto que no islamismo Cristo não é visto como Deus, mas apenas como um profeta, no cristianismo Ele é revelado como o logos divino. Como esses dois ensinamentos podem ser verdadeiros ao mesmo tempo? O islamismo nega que Cristo seja Deus em qualquer sentido. Para o budista, o mundo não teve início, enquanto que, para o cristão, o universo foi criado por um Deus Trino e Todo- poderoso. Como sustentar estes ensinos bem como todos os outros ensinamentos de todas as religiões ao mesmo tempo e no mesmo sentido? Como afirmar que todas as religiões estão ensinando a verdade, se todas elas trazem ensinos e princípios auto-excludentes? Acreditar que todas as religiões são verdadeiras é coisa de gente preguiçosa intelectual, estúpida e irracional. Isso não é preconceito, é um conceito firmado baseado na racionalidade. O cristão racional não é obrigado a respeitar a irracionalidade. A irracionalidade é pecaminosa, pois Deus nos fez seres racionais(Gn 1:27). Portanto, o cristão que tolera a irracionalidade é um cristão que tolera o pecado.

É preciso destacar que a intolerância religiosa é um fato. Mas, antes de tudo, como eu sei que intolerância religiosa é algo moralmente reprovável sem um padrão objetivo que fundamente isto? A base do relativismo é a negação de verdades ou padrões absolutos e objetivos. Boa parte dos relativistas religiosos, são relativistas morais. Já outros, são relativistas religiosos mas defendem absolutos morais. Esses últimos usam qual critério arbitrário para abraçarem o relativismo religioso, mas defenderem absolutos morais? Se, como já vimos, o relativismo religioso é insustentável por desconsiderar a lei da não-contradição, como esses relativistas podem sustentar absolutos morais sem o uso da lei que eles também desconsideram em questões religiosas? Se a lei da não-contradição é uma verdade absoluta, ela é verdadeira em qualquer realidade; até mesmo quando aplicada ao raciocínio acerca da moralidade e em discussões sobre religião. Mas se ela não é verdadeira, a afirmação "roubar é algo moralmente errado", pode significar o seu contraditório, isto é, "roubar é algo moralmente certo". "Jesus é Deus" pode significar o seu contraditório, isto é, "Jesus não é Deus". 

Cristão nenhum deve tolerar o erro e o pecado, o que não significa dizer que não devemos tolerar aquele que erra. Sim, devemos ser tolerantes com os pecadores. Como destacamos acima, não devemos sair por aí chutando ou queimando os que não receberam o evangelho. No entanto, nenhum cristão está obrigado a aplaudir ideias ou cosmovisões falsas. Devemos condenar, no campo das ideias, os falsos ensinos abertamente(Ef 5:11). O problema do famoso cantor, como o de todo relativista religioso é querer remediar a intolerância com o veneno do relativismo.  O deus de Kléber Lucas não pode ser o Deus da bíblia. O deus de Kléber Lucas é um deus irracional e esquizofrênico, portanto, é um deus falso. É um deus que se revela à humanidade mediante às religiões com princípios auto-excludentes. É um deus que afirma o que nega, e nega o que afirma. Esse deus não é o Deus das Escrituras.

Soli Deo Gloria 

Álvaro Rodrigues

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